A minha cegueira foi passageira. Foi um momento extenso, ora sublime ora amargo, que ditou a minha passagem pela tua vida. Se pudesse voltar atrás teria um pouco mais cuidado com a minha visão, principalmente com a minha visão das coisas, com a minha visão de ti. A impotência de consumar uma mudança rasga-me a pele e pela manhã os meus olhos secam em dor decrescente como se o possivel virar de página me rasgasse com o papel a córnea. Nada é o que parece, nada se pode ver que esteja mesmo lá à luz das nossas mentes usurpadoras e enganadoras de nós próprios. Pelas descidas calçadas de minas e por curvas perigosas e propositadas passo, ao passo de ir deixando para trás as memórias de ti. Mas sempre que me detenho pela existência do meu corpo amorfo vejo que estás sempre lá. Numa luz ténue, numa flor aberta, numa pincelada de tinta, numa rua, numa praia, num lugar, num vazio outrora por ti desfeito... no universo. E posto isto só posso agradeçer por tudo o que me deste, sem querer para mim nada que não seja a possibilidade de te dar um sorriso.
PS: História baseada em fatos reais, entre uma mulher "ingrata"a sua própria vida e um homem que se deixou seduzir pela mesma.
Desculpa, mas homem que se deixa seduzir por uma mulher ainda não nasceu. Homem só se seduz quando quer. Justificar fatos com idéias de sedução, minha cara, desculpa, mas não existe. A não ser que o homem em questão seja doente.
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